"SERA QUE SOU REALMENTE TRANS ? - Leandrinha Du Art e João Henrique tem suas duvidas"

Sabemos que o mundo em que vivemos é cheio de rótulos e padrões onde as pessoas obrigatoriamente tem o dever de se encaixar para não  ficar de fora. Temos ai exemplos de homens e mulheres cis perfeitos idealizados pela mídia e na tentativa frustrada objetivo nunca alcançado. Mulheres ditas como bela pelo seus corpos cheio de curvas, cabelão, peitos durinhos, homens altos , músculos definidos , olhos claros, machão e que constrói seu próprio fogão.
Agora o  xis  da questão, nessa imposição onde entra as pessoas LGBT’s em especial a classe T? , já sabendo que elas lutaram contra a natureza de seus  corpos para se adequarem ao que realmente são.

Se não bastasse a população “T” estar fora dos padrões “Cis hetero normativo” (e branco) da sociedade e serem excluídos por terem seus corpos “diferentes” do padrao imposto pela tradicional família brasileira e mídia.

Criaram agora um novo padrão para pessoas T.
Para os Homens Trans é imposto sobre nossos corpos que haja uma performance da masculinidade Cis hétero normativa.

Emoção ou qualquer sentimento...nada diferente daquele cara Cis que banca o machão e oprime as mulheres.
Existe uma reprodução do machismo por parte de muitos homens trans na esperança desesperada de provar sua identidade enquanto homem. Ou seja é preciso ter barba, uma voz grossa, ser forte e em hipótese alguma demonstrar


Mulheres Trans agora só é de fato uma mulher trans “completa” se a mesma já passou por diversos procedimentos  cirúrgicos e que esteja fazendo TH é claro (Tratamento Hormonal) , se tem a voz fina dita “feminina” , tem que ter peitos e de preferência peitos enormes , bunda da Nick Minaj , cintura invisível , cabelão tocando o chão, se andarem maquiadas e impecáveis a todo tempo.



Mas afinal o que é ser homem? É gostar de futebol e gostar de mulher apenas?

O que me define TRANS? . Pois a sociedade diz que uma mulher só é mulher de fato se ela tiver buceta e o mundo T diz que só sou mulher se for passiva.
Se lutamos todos os dias para que nosso corpo resista na sociedade seria justo, com nos mesmos e com os outros ditar regras sobre estes corpos?
Lembrando que identidade de gênero é diferente de sexualidade, deixemos livres os corpos para amarem quem quiserem.


Ser um corpo Trans com deficiência me faz estar fora do “padrão do que já esta fora do padrão!”
Atingir esse objetivo foi algo que por pouco tempo morou na minha cabeça, ter a historia que eu tenho com meu corpo, depois de ter entendido todas suas peculiaridades viver assombrada pela obsessão de ser uma “MULHER TRANS PERFEITA” seguindo a risca essas normas, é tolice.


Serem como quiserem, seja um corpo preto, seja um corpo gordo, seja um corpo com deficiência, seja operado ou não, hormonizado ou não (lembrando que querer se operar, iniciar a terapia hormonal é uma escolha pessoal).
Não temos esse direito, de julgar ou oprimir as pessoas...pois é muito fácil de oprimidos pela sociedade passarmos a ter o papel de opressor.

Vamos segregar ate quando? Vamos nos julgar ate quando? Nos cobrar ate quando?
Há pessoas vivendo infelizes por não se entender Trans e mais infelizes ainda quando chegam ao nosso mundo (mundo T)  e se depara com essas regras inatingíveis.

Pelo direito dos corpos livres, pelo direito à vida para que não sejamos mais mortos devemos mudar esse discurso e não reproduzi-lo mais para que não seja perpetuado assim mais transfobia, mais machismo, mais xenofobia, mais misoginia, mais racismo, mais homofobia, mais preconceito.
Não é apenas uma opinião quando o seu discurso é de ódio e mata pessoas.






Obrigada João Henrique pela colaboração nesse texto lindo! Tmj Ursinho !

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